sexta-feira, 13 de outubro de 2023

QUE MISTÉRIOS TEM A MAÇONARIA?

 

QUE MISTÉRIOS TEM A MAÇONARIA?

O título deste artigo encerra em si uma dualidade proposital. Por um lado, pode ser tomado como irônico, pois faz uma alusão à forma sensacionalista como a maçonaria repetidamente é tratada por grande parte dos meios de comunicação de massa, como misteriosa, cheia de segredos e símbolos estranhos. Entretanto, a maçonaria de fato encerra em sua filosofia antigos mistérios, revelados apenas aos seus membros.

Por incrível que pareça, em pleno ano de 2023 muita gente ainda não faz idéia do que é a maçonaria, a despeito das toneladas de informação sobre essa instituição que circulam nas livrarias e, em maior volume ainda, na internet. Muitos acham que ela é uma sociedade secreta, embora funcione em prédios nas principais avenidas das cidades e tenha personalidade jurídica constituída normalmente, como qualquer outra organização. Outros acreditam em toda aquela bobagem de satanismo, gerada por uma combinação perigosa de falta de informação e intolerância. A maçonaria segue então com seu estereótipo misterioso para a maioria da população, atmosfera reforçada notadamente pelo caráter privativo de suas reuniões, que acontecem literalmente à portas fechadas.

Mas que mistérios serão esses que a maçonaria supostamente esconde das massas? Para entendermos melhor, faz-se mister uma compreensão mais profunda da palavra "Mistérios". O dicionário Michaelis lista vários significados para este vocábulo. A maioria é relacionada com "Segredo" ou "algo de difícil compreensão". Outras conotações surgem dentro do escopo religioso, especialmente o cristão. Mas a mera significação não é suficiente para entender a magnitude do conceito maçônico deste termo. Para isto, vamos pedir ajuda à filosofia, em particular, à filosofia do mundo antigo, que é a origem de muitos dos conceitos usados e estudados na maçonaria até hoje.

No antigo Egito e Grécia, sábios criavam centros de instrução onde candidatos que quisessem participar deveriam provar seu merecimento antes de serem admitidos. Este processo para o acesso chamava-se iniciação, e os centros chamavam-se escolas de mistérios. O faraó Akhenaton, que iniciou seu reinado no Egito por volta do ano 1.364 a.C., e Pitágoras, filósofo e matemático grego nascido em 570 a.C., foram exemplos de pensadores que fundaram tais escolas. Os ensinamentos eram repassados em um ambiente privativo, longe dos olhos e ouvidos das massas, e versavam sobre ciências (Matemática, Astronomia, etc), Artes, Música e ainda Religião e Espiritualidade. O próprio Cristo mantinha um círculo interno de discípulos, os doze apóstolos, a quem ensinava sua doutrina com maior profundidade. Quando falava para as massas, Jesus usava uma linguagem mais simples, em forma de parábolas, para facilitar o entendimento. Disse Ele: "Não deis aos cães as coisas santas, nem deiteis aos porcos as vossas pérolas" (Mateus 7:6), em uma clara referência de que nem tudo é para todos.

Hoje em dia, muitos dos conhecimentos destes antigos grupos continuam sendo ensinados, mas os locais não são mais ocultos. A antiga sabedoria dos iniciados deu origem a muitas das disciplinas comumente ministradas nos colégios e universidades. Graças às escolas de mistérios, a ciência se desenvolveu, mesmo nos períodos mais negros da história, e chegou em um nível de complexidade que, certamente, para os antigos seria visto como, no mínimo, surpreendente, talvez até inimaginável.

Portanto, concluímos que os mistérios mencionados no simbolismo maçônico são um corpo de ensinamentos, repassados aos seus membros de forma tradicionalmente inspirada nos antigos métodos das escolas de mistérios. É certo que há uma corrente dentro da maçonaria que defende que essas escolas eram, na verdade, a própria maçonaria em sua forma primitiva; entretanto, estas suposições carecem de comprovações históricas e a maioria dos autores modernos tende a concordar que a maçonaria, na verdade, herdou o método antigo, tornando-se depositária de sua sabedoria.

Mas se a explicação da origem desses mistérios é simples assim, por que a maçonaria não permite então que qualquer pessoa adentre seus templos e compartilhe desse conhecimento? Qual o sentido das portas fechadas, dos rituais e dos símbolos desenhados nas fachadas de seus prédios e vestes de seus membros? A resposta é, novamente, a tradição!!! Os maçons formam um grupo muito antigo, cuja origem histórica deu-se em uma época tumultuada e confusa da humanidade, a idade média. Nessa época, as monarquias, geralmente aliadas ao clero, não estavam dispostas a dividir seu poder de influência com mais ninguém. Assim, a perseguição a grupos considerados subversivos tornou-se uma obssessão, resultando no assassinato de centenas de milhares de pessoas. A chamada "caça às bruxas" era um mecanismo de controle pelo medo, e a religião, através da manipulação dos conceitos das Sagradas Escrituras, exercia um domínio da sociedade extremamente eficaz. Some-se isso ao fato de a maioria do povo não saber ler nem escrever, e pronto: Estava formado o panorama perfeito para a instalação de uma tirania. Os maçons e outros grupos de pensadores, como os Rosacruzes, tiveram que ocultar seus conhecimentos e manter suas opiniões em segredo, nessa época, as ordens iniciáticas eram mesmo Sociedades Secretas, cuja sobrevivência dependia do grau de invisibilidade que eram capazes de manter na sociedade dominada pelo poder virtualmente ilimitado dos déspotas políticos e religiosos.

Hoje a maçonaria não tem mais a necessidade de ocultar suas atividades. Aliás, na grande maioria dos países que substituíram os regimes absolutistas pela democracia, os maçons estavam entre as fileiras dos responsáveis por tais mudanças. Acontece que, sendo a ordem maçônica uma instituição que preza muito por sua própria história, mantém ainda sua tradição herdada das escolas de mistérios, onde o candidato a tornar-se maçom e ser recebido em uma loja deve provar ser merecedor de tal aceitação. Mas iniciação hoje adquiriu um caráter simbólico, e já não repete os penosos sacrifícios da antiguidade. Para se ter uma idéia, na já mencionada Escola Pitagórica, o recém-admitido não poderia proferir uma só palavra por cinco anos. Cinco anos no mais absoluto silêncio! Práticas como essa ficaram para trás, e a ordem nunca esteve tão aberta como atualmente. Praticamente toda loja maçônica conta com uma página na internet, onde divulga textos e fotos de suas atividades. Muitos maçons fazem questão de salientar sua condição, ostentando anéis, pingentes ou broches com emblemas. E aquele que demonstrar interesse em entrar, tem toda a liberdade de conversar com um maçom conhecido e declarar seu propósito de fazer parte da ordem. É válido ressaltar que, apesar de práticas mais radicais terem sido deixadas de lado, o processo de admissão ainda é bastante rigoroso, pelo simples fato de que, para a maçonaria, o importante não é a quantidade de membros e sim a qualidade destes. Depois de uma conversa explicativa inicial, sindicâncias e entrevistas são conduzidas por maçons experientes, no intuito de avaliar o grau de interesse verdadeiro, bem como as qualidades de um "Homem Livre & De Bons Costumes", além da crença em um Ser Supremo, prerrogativa obrigatória para a concretização da afiliação.

Tendo desenvolvido uma filosofia e método próprios de instrução ao longo dos anos, a maçonaria tem mantido seu caráter simbólico e iniciático através dos séculos. A beleza de ensinar e aprender através de alegorias é algo que, atualmente, só pode ser vivenciado no interior de uma loja maçônica. A história da Ordem e sua sabedoria está encerrada em seus rituais e suas lendas, que são passadas de maçom para maçom, da maneira antiga, por via oral. No interior de templos ornados com símbolos arcanos, homens que se tratam uns aos outros como irmãos buscam lapidar seus espíritos. Os pedreiros de hoje erguem edifícios simbólicos, cujos tijolos são as virtudes humanas, solidificadas em nossas atitudes diárias com a argamassa do estudo diligente e da perseverança no trabalho.

Muita coisa já foi desvelada, em livros e revistas abertos ao público, até mesmo propositalmente, para permitir que o preconceito dê lugar à compreensão nas mentes das pessoas. Mesmo o interior dos templos pode ser visitado com certa frequência por não-membros nas sessões públicas. Mas ainda há verdades ocultas para serem vislumbradas. Porém, ao contrário do que o senso comum imagina, elas não estão escondidas por códigos, escritas em livros ou desenhadas em símbolos; a descoberta do verdadeiro segredo da maçonaria acontece mesmo é no silêncio do coração de cada maçom, de acordo com sua própria evolução mental e espiritual, com desdobramentos que influenciam sua vida e as vidas das pessoas que o cercam – e isso é, verdadeiramente, o grande mistério da ordem.

Fonte: JBNews - Informativo nº 224 - 09.04.2011

O Que Era Para Ser a Maçonaria - Benjamin Franklin

REGRAS RITUALÍSTICAS DA MAÇONARIA

REGRAS RITUALÍSTICAS

Vale lembrar que quaisquer alterações litúrgicas ou ritualísticas devem ser feitas somente através das obediências e não pelas lojas como se percebe comumente.

Regras: As regras falam por si mesmas. Não foram estabelecidas para provar a obediência, mas por serem necessárias ao nosso bem. Não devemos observá-las apenas pelo fato de nos serem impostas, foram-nos ordenadas porque são justas. 

A maçonaria é uma instituição que transmite a sua doutrina através, principalmente, de símbolos, alegorias, emblemas, parábolas e máximas; todo este vasto volume de informações dadas ao iniciado necessita de uma correta interpretação no sentido de explicação, de comentário, para que possa ser bem captado, principalmente em relação aos símbolos, que admitem interpretações diversas conforme o ângulo da análise, se exotérica ou esotérica. 

Importante, também, é a correta interpretação das práticas litúrgicas e ritualísticas, para que não haja a deturpação das mensagens doutrinárias e simbólicas nelas contidas. 

Instrução: Em maçonaria, são muito importantes as instruções relativas a cada grau, para que o maçom tenha conhecimento suficiente deles e possa produzir os seus trabalhos para o aumento de salário (elevação de grau); todavia, além das instruções contidas nos rituais e catecismos maçônicos, realmente bastante elementares, o maçom deve receber outras, complementares, para melhor se aperfeiçoar na prática da Arte Real

Qualquer instrução maçônica, mesmo ritualística deve ser facilmente compreendida por um iniciado, sem ter que recorrer a exercícios de criptografia ou de leitura de mensagens cifradas. Muitas das instruções e rituais possuem, para dificultar o entendimento do não iniciado, muitas palavras truncadas, ou apocopadas, com os três pontos em triângulo (∴), que mostram a apócope; é claro que as palavras truncadas devem ser as de uso maçônico constante (exemplos: or∴, ord∴, secr∴, pal∴, bal∴, pr∴, vig∴, etc.), para que, pelo menos o iniciado as entenda; ocorre, entretanto, que certos rituais são completamente ininteligíveis, tantas são as palavras truncadas e a maior parte delas de uso ocasional, o que dificulta, sobremaneira, qualquer leitura.

Instrumentos: Utilizados na prática ritualística maçônica são todos ligados à Arte De Construir, em todas as suas formas: Esquadro, compasso, maço, cinzel, alavanca, régua, prumo, nível, trolha, colher de pedreiro, lápis, etc. Também devem ser considerados os instrumentos de trabalho, inerentes a diversos cargos em loja: Malhete, espada, bastão, bolsa (ou sacola), etc. Quanto a estes últimos, existe uma regra fundamental, em maçonaria: Não se faz nenhum sinal maçônico com instrumentos de trabalho, mas, sim, com a mão. 

Malhete: (diminutivo de malho), designa um pequeno malho. Em maçonaria, é o instrumento do qual se servem os veneráveis mestres, para a direção dos trabalhos da oficina. Os malhetes, utilizados pelo venerável mestre e pelos vigilantes servem tanto para chamar a atenção para alguma ordem ou comunicação, quanto para as baterias simbólicas e os aplausos. Existem lojas, onde, inadvertidamente, essas dignidades fazem soar os malhetes em outras ocasiões, o que é um erro, pois os golpes de malhete são para chamar a atenção para alguma ordem; por exemplo: Quando o Ven∴M∴ tem de fazer uma comunicação aos obreiros, através dos vigilantes, para uma parte da sessão e quando os vigilantes vão fazer as comunicações aos obreiros de suas respectivas colunas; a batida de malhete, então, é o sinal para que todos prestem atenção às ordens e/ou comunicados. 

O V∴M∴, obedecendo ao seu exclusivo critério pessoal, poderá deixar de ler uma prancha, ou proposta, caso ela exija um exame mais elaborado, para depois ser apresentada à loja. Nesse caso, a proposta, ou a prancha, é deixada sob malhete. Há, todavia, um prazo regulamentar, para que o V∴M∴ dê conhecimento da prancha que não foi lida (geralmente, duas sessões). Sob malhete e não "sobre" malhete, é exatamente isso: Adiar a leitura de uma proposta, ou prancha. Diz que ela ficou "sob malhete", porque é como se ficasse presa, provisoriamente, sob o malhete do venerável mestre. 

Cinzel: Instrumento cortante numa das extremidades, usado por escultores e gravadores. É um dos instrumentos e atributos do aprendiz maçom; destinado ao esquadrejamento da pedra, ele simboliza, esotericamente, o físico, ou a matéria, sobre a qual o espírito, que é o maço, para a execução da obra; exotericamente, o cinzel simboliza a razão, a inteligência. 

Paramentos: Os principais paramentos pessoais do maçom são: Aventais, faixas ou fitões, colares, punhos, luvas, tiaras, chapéus. as da oficina (estandartes). 

Os maçons devem estar revestidos com seus paramentos, durante as sessões, não sendo permitido participar delas sem que isso ocorra. Deve-se, todavia, respeitar uma regra clássica em maçonaria: Deve-se evitar colocar e retirar os paramentos no interior do templo, pois quando o obreiro entra, já deve estar com eles e só poderá retirá-los ao fim da sessão, ou quando tiver o templo coberto, ao chegar à sala dos passos perdidos (não ao átrio, pois este também faz parte do templo). Fundamental é saber que nunca um obreiro presente à sessão de sua oficina poderá estar sem suas insígnias.

Passos: Os passos das marchas maçônicas de cada grau são normais, ou seja, tirando-se os pés do solo; o sentido dos passos, todavia, é variável, podendo ser em linha reta, ou em diagonal (o aprendiz, por exemplo, só dá os passos da marcha em linha reta, pois, simbolicamente, se sair do caminho reto, não saberá retornar a ele), juntando-se os pés em esquadria, depois de cada um deles. Esses passos regulamentares são dados quando o obreiro ingressa no templo, parando, depois, entre colunas e saudando o VM∴ e os vigilantes. são dados, também, durante o cerimonial de iniciação, de elevação ao segundo grau e de exaltação ao terceiro grau. Fora esses momentos, a marcha é normal. não havendo a junção dos pés. 

Circulação: No templo maçônico, em loja composta, a circulação, é sempre no sentido horário, ou seja, no sentido dos ponteiros do relógio, para mostrar que o trabalho do homem deve começar com o nascer do sol, na aurora, e terminar ao cair da noite, representa, também, a marcha à luz do sol. 

Em maçonaria o horário é importante, para mostrar o início e o fim das sessões, embora, lamentavelmente, muitos maçons o ignorem, chegando, costumeiramente, atrasados aos trabalhos, o que não é de boa geometria. 

A circulação no oriente não tem uma padronização, exigindo-se, entretanto, que o maçom que a ele subir o faça pela sua própria esquerda (nordeste) e que, ao sair dele, o faça, novamente, pela sua própria esquerda (sudeste). 

Colunas: Além das colunas do pórtico, J e B, que, não possuem função de sustentação, as colunas que dão sustentação simbólica à loja; é o caso das colunas das ordens dórica, jônica e coríntia, que sustentam, simbolicamente, a loja de aprendiz e que, juntamente com as colunas das ordens compósita e toscana, sustentam, simbolicamente, a loja de companheiro. São, também, chamadas de colunas (do Norte e do Sul) as partes dos templos em que ficam os maçons que não estão no oriente e em correspondência com as colunas do pórtico. A coluna do 1º Vig∴ é a da força, a do 2º Vig∴ é a da beleza e o VM∴, por analogia, é a coluna da sabedoria. A trilha musical das sessões, executadas pelo mestre-de-harmonia, é chamada de coluna de harmonia. Qualquer documento escrito tem, maçonicamente, o nome de coluna gravada. A expressão maçônica "Entre Colunas" significa em segredo, para designar assuntos que não podem ser revelados a terceiros. Não pode um obreiro, colocar-se entre colunas ao seu bel prazer. O pedido de palavra entre colunas é específico para uma só situação: Quando o obreiro tem a palavra cerceada pelo vigilante de sua coluna, coloca-se entre colunas, que é o único local onde ele, não estando em nenhuma das duas colunas (Norte e Sul), poderá pedir a palavra diretamente ao venerável mestre. Para apresentar alguma peça de arquitetura, o fará de seu lugar, ou, se for autorizado, sendo mestre maçom, do oriente. O direito de falar entre colunas é restrito aos mestres maçons

Fonte: JBNews - Informativo nº 0165 - 08/02/2011 

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